terça-feira, novembro 20, 2007

O porquê da estatística

Eu deveria estar escrevendo sobre o dia da consciência negra, mas provavelmente tem muito mais gente mais bem informada sobre o assunto blogando a respeito. Então resolvi antender a pedidos, e começar a tentar escrever alguma coisa sobre estatística aqui no Aritmante. É bem verdade que nos primórdios a intenção era esssa, pelo menos um pouco. Mas aí bateu aquela preguicinha e nada d'eu escrever nada sobre a "Nobre Arte".

Mas agora perdeu preibói! Vou entrar na concorrência, contra o senhor Namorado Malvado, afinal de contas duvido que ele tenha paciência para ficar escrevendo no bulógue dele.

A confusão do vestibular

Vou tentar começar pelo começo. E pra descobrir o porquê da estatística precisamos voltar à confusão do vestibular: último ano e eu sabia que queria fazer faculdade, mas não fazia idéia de faculdade DE QUÊ, especificamente. Um amigo começou a fazer uma espécie de pré-vestibular comunitário e eu grudei nele: acabei ficando lá até o fim do ano, enquanto ele foi estudar num pago.

Era num lugar emprestado onde pessoas da região que já tinham passado no vestibular davam aulas para pessoas que iam fazer. Não tinha de todas as matérias, lembro que teve matemática durante algum tempo, biologia também por pouco tempo... Acho que no ano a constância foi só em Química e Física, dados por uma menina que estava no 1º período de Eng. Química na UFRJ (se não me engano) e por cara que já era professor mas que por algum motivo obscuro estava pilhado também (ok, o cara de física namorava uma das alunas).

Entretanto, aquela carência ainda era melhor que a escola. Teve épocas ali que eu estava só de corpo presente: Ângulos rolando no quadro branco e eu boiando. Mas tudo bem, eu foi levando, indo para a escola de manhã, tocando na banda marcial do colégio à tarde e indo para o grupo de estudos à noite. Acho que foi a única época da minha vida que o meu IMC esteve abaixo de 27 desde que eu alcancei a minha altura atual!

No fim do ano precisei escolher o que eu ia fazer, pois o pessoal se organizou para pedir isenção em grupo. No meu tempo (credo, pareço uma velha caquética!) não tinha essas viadagens de cotas, então a menina que perdeu o questionário que o grupo arranjou não ganhou isenção e o irmão que preencheu a mesmíssima coisa ganhou. Bom, eu precisava arranjar algo para marcar nos formulários da UERJ, então sentei com a Dona Mamãe e começamos a riscar:
  1. Cursos noturnos;
  2. Tudo o que tinha bacharelado;
  3. Cursos populares, como Direito, Engenharias, Comunicação, Jornalismo e bem, vocês entenderam.
Sobrou uma meia dúzia de cursos, então partimos para o método científico: Menor relação candidato/vaga. Apareceu Estatística, uma vez que Física tinha sido eliminado no item 2.

Para a UFRRJ foi bem mais fácil: O único curso razoavelmente simpático para mim naquela época foi o de Engenharia de Alimentos. Estava tão interessada nele que minha mãe juntou uma grana para pagar a inscrição. Quando soube que não tinha passado nem dei bola mais para os resultados da UERJ: só fiquei sabendo que tinha sido aprovada para a primeira turma por aquele amigo que tinha me levado para o grupo de estudos, porque por mim o resultado iria passar e eu não iria nem reparar!

A faculdade

Não vou enganar ninguém: foi pauleira. Eu achava que era terrorismo da menina que dava aula de química, mas a única matéria que eu posso dizer que eu fui bem no primeiro período foi intrdução ao processamento de dados. O sonho daquele "formado com louvor" que a gente vê nos filmes foi por água abaixo, de aluna favorita passei a rata de biblioteca e monitoria. No primeiro ano eu aprendi o significado das expressões "cola", "prova final", "época especial" e aprendi o mantra "Professor, por favor, abre a reposição!", que devia ser repetido sempre que não conseguíamos nota suficiente nas duas primeiras provas.

As pessoas reclamam das greves nas faculdades públicas, mas eu tenho que agradecer: Se os professores não tivessem entrado em greve no começo daquele ano eu dificilmente teria conseguido passar em Cálculo. Nas férias forçadas eu fiz quase todas as listas de exercícios e me enfiei de volta no colégio. Sim você leu direito: Eu conversei com a diretora do meu colégio e passei a frequentar diversas aulas de matemática. Acharam até que eu estava fazendo estágio do bacharelado de matemática. Eu escolhia uma carteira lá pro fim da sala e ficava fazendo as listas de exercício. Acreditava piamente que aprenderia por osmose todo o conteúdo que eu não tivera antes, que a porra do Estado só disponibilizava agora, quando eu não estava mais lá.

Não sei onde eu estava com a cabeça quando fui para um curso estritamente matemático quando eu quase não tive nada sobre o assunto no 2º grau. Álgebra, Cálculo II e EDO ficaram para trás no ciclo básico. O interessante é que eu nem era a pior da turma: Apesar do Pinha (uma espécie de Capitão Nascimento do Cálculo que se autodenominava de PPP - Perigoso Professor Psicopata) ter me ensinado o significado de "zero absoluto" (cisne estava errado, não é um conceito físico), a maioria das pessoas ficavam em várias matérias por período: Como eu estava ficando em só uma por semestre eu estava bem.

Depois do meio as coisas melhoram: repeti só uma matéria, comecei enfim a fazer estágio e a parar de dar prejuízo em casa (apesar d'eu ter tido algumas "madrinhas de faculdade" imagino que ainda fosse puxado para a minha mãe, sorte que não era um curso que exigisse a compra de livros e mais livros como medicina, ou equipamentos como odontologia).

Era mesmo o que eu queria?

Dizem que as pessoas não vão muito além do que elas pensaram para si mesmas até os 14 anos. Bom, até essa idade eu já tinha pensado em ser, não necessariamente nessa mesma ordem:

Escritora - Abortado quando a professora da terceira série sumiu com um conto que eu tinha escrito. A minha mãe lendo desabafos também contribuiu, mas acho que o fator principal para eu desistir dessa idéia foi detestar ficar escrevendo à mão, e olha que eu gostava de quase tudo na escola. E ano passado eu descobri que Português é um saco.

Tradutora - Quando desisti de ser escritora, pensei em ser tradutora, assim poderia ler vários livros e ainda ganhar para isso! Mas a fluência pífia em português que dirá em outros idiomas me desanimaram um pouco. Quando vou a eventos com tradução simultânea fico

Diplomata - A língua e culturas estrangeiras me fascinavam. Talvez por eu ser neta de migrantes (ou seriam imigrantes? Não lembro qual o certo, mas sei que tem diferença entre os dois termos!). O caso é que, como eu sou uma pessoa anti-social seria complicado uma carreira política. Fora que, depois depois de fazer estatística você perde um pouco do saco de estudar as matérias que o Colégio Rio Branco exigem.

Cientista - Cultivado pela tv, em parte. Mas... não é que eu acabei acertando pelo menos nesse? Estatística é a ferramenta do cientista de QUALQUER área!

Tá certo que eu não fico abringo sapos e coisas do gênero. Mas eu adoro ver-me estatístico por esse ângulo! (Fora que quando eu tomar vergonha na cara e for fazer mestrado ou publicar algum artigo serei, de certa forma, escritora também.)

No fim das contas, é como se eu não tivesse escolhido nenhuma especialidade profissional na verdade, tão amplo que pode ser o campo de atuação! Mas isso é assunto para outros posts, porque este já está gigantesco;)

4 comentários:

Enio Luiz Vedovello disse...

Gostei do texto, Thera, apesar de me ter feito lembrar dos primeiros zeros na faculdade, também (coincidentemente, meu primeiro zero foi em cálculo).
Mas não é uma época da qual eu possa me queixar...
Quanto às diferenças, salvo engano:
Migrante é quando a pessoa se muda definitivamente para outra região do país, emigrante é a condição da pessoa que deixa para trás seu país e imigrante é o estrangeiro que passa a residir neste país. Ou seja, todo imigrante é automaticamente um emigrante também.
Espero não ter confundido ainda mais...

Thera Fajyn disse...

::.Y.::

Ênio também é cultura, hehehe! Obrigadinha!

Anônimo disse...

Gostei do texto! E uma coisa, escritora você já é, e das boas!
Fiquei curioso sobre o zero absoluto rsrsrs

Thera Fajyn disse...

::.Y.::

Obrigada Evandro, mas nem adinata me bajular que para contar essa história eu vou precisar de alguns anos de terapia. Ou de alguns copos de coquetel de frutas.

Nem adianta se animar com a idéia de me alcoolizar para que eu conte por que eu não bebo enquanto estou trabalhando e eu estou SEMPRE a trabalho!

Eu ia botar um link para um post dizendo que além de tudo não ai nada que preste duma experiência deste gênero, mas encontrei somente o desejo do Pedro de fazer isso... Digamos então que eu prefiro fazer parte do grupo-controle desse experimento científico, ok?

[Arit-Chat]

COMUNICADO DE Thera Vector: antigos comentários via Haloscan que a galera gosta de usar de chat. Sim, mais uma coisa cujo "culpado" é o Cabo Ênio, entendam-se com ele se não gostarem! :P Querem brincar também? Bom, até agora eu identifiquei as seguintes salas de bate-papo: [sala 1 - Vídeos inúteis] [sala 2 - Blogut] [sala 3 - Memes]